sábado, março 03, 2007

The Origin Of Symmetry

Mil passos no escuro, nestas ruas sem sentido, muradas de ambos os lados por casas macabras. Gatos vadios impestam o ar de um cheiro a fezes e a comida putrefacta.
Tudo aqui é doentio. É impossível não pensar na Morte.
Imagens de mãos em garra, esfoladas, com os músculos expostos, esbranquiçados, com uma baba viscosa em cima, de artérias vazias; o frio daquelas mãos invade o meu espírito. Não consigo, tenho de segurar aqueles dedos frios e mortos no calor higiénco da minha luva. E choro por dentro.
São imagens que todos os dias me consomem, sem eu notar, sem me aperceber da violência que me causam.
No negrume daquela noite tudo é escuro, até os meus passos indecisos ecoam ruidosamente contra aquelas paredes de infelicidade.
Quero sentir algo de novo nascer dentro de mim. Algo que me salve da anóxia em que mergulhei.
Toda esta simetria patológica da minha vida tem de ser quebrada pelo feijoeiro que para mim será mágico e cujos feijões servirão de alimento aos cadáveres que guardo dentro de mim, talvez assim nutridos voltem à vida. Talvez o macio das suas folhas acalme o ardor do meu coração.
Mas o novo não nasce; nenhuma luz incide sobre a miséria da minha rua. Estou perdida no meu próprio espírito, não sei se voltarei a ver o sol.
Há dias que nos fazem perder o rumo.
Até lermos um poema que faz nascer dentro de nós o feijoeiro de uma esperança.
Vamos regá-lo com as nossas lágrimas para que nunca seque.


PS- Como eu escrevo mal...

1 comentário:

Shaolan disse...

Não digas disparates, escreves aquilo que sentes e é isso que interessa, afinal nem toda a gente é capaz de o fazer :P
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p.s. desejo-te sinceramente boa sorte