sexta-feira, abril 25, 2008

Barreira

Tenho uma dificuldade inultrapassável: não consigo escrever sobre o que sinto ao ouvir uma sublime música dos Sigur Rós. Apenas consigo imaginar ténues paisagens montanhosas constituídas por néon puro, centenas cascatas de água cristalinas a choverem do céu, o interior de um quadro de Monet (os nenúfares, o horizonte pontilhado, a explosão moderada de cores), a vida num poema de Fernando Pessoa. Enfim, coisas impossíveis que ninguém, no seu perfeito juízo, vem dizer para as ruas.
Não se pode falar de sons que se vêem nem de luzes que se ouvem e esperar ser compreendido.
Vivo atormentada com esta impossibilidade. Já falei de muitas músicas, já escrevi sobre muitos artistas: my chemical romance, coldplay, gotan project, muse, mas tudo isto me parece fácil de mais ante a dificuldade que impus a mim própria.
Vou simplificar: cingir-me às coisas reais. Afinal elas também existem nestas músicas.
Há acordes que me fazem sentir num outonal bosque de bétulas, inundado de uma luz cristalina, populoso de cantos de pássaros. Já é uma boa aproximação... mas deixa-me insatisfeita! Vou tentar sentimentos: sabem quando vos acontece uma coisa mesmo muito boa? Tudo o que desejaram e para o qual mais lutaram aqui e agora, saltam no vosso peito os acordes da Samskeyti. Não, muito subjectivo (mesmo para poesia) e pouco explicativo.
Por mais voltas que dê à cabeça não encontro solução... até que... mas é óbvio há apenas uma coisa que posso escrever sobre estas músicas:


Tão simples quanto isto, porque há coisas tão maiores que palavras. Ouçam e tentem agora vocês dizer-me o que sentiram ;-)

sábado, abril 12, 2008

Não pirilamparás!

Pirilampar - (do Latim, pirilampum) v. trans tornar pirilampo, alumiar algo que não deve ser visto, difamar, vilipendiar, escarnecer, achincalhar, roubar, fazer algo de errado. Um pouco de tudo.

Verbo muito conhecido entre alguns círculos fmupianos. Expressa desdém, indignação, revolta. Pode ser utilizado como nota jocosa para os que são alheios a esta gíria.

terça-feira, abril 08, 2008

Segredos

Não, não fales... Se duvidares permanece calada. Não fales. Será que posso? Será que sabe? Lábios bem comprimidos: um contra o outro num abraço de mar contra os rochedos. Não digas: é segredo. Lábios bem cerrados: juntos à nascença, não os vás separar. Não sugiras, não transpareças: é segredo. Não vaciles: mente, antes isso. Uf, escapou o segredo. Não, mais um confronto: tem calma, repete a velha mentira (já parece verdade) e guarda bem o segredo. No fundo do coração. Bem fundo. A quilómetros de profundidade. Cerrado, selado e codificado.
Não penses: podem ler-te os pensamentos.
Morre com o segredo, não vais poder levar muito mais contigo.