terça-feira, março 27, 2007

Internal features of the heart

Continuo com aquele humor primaveril: riso fácil, frases longas e muito elaboradas, preguiça deleitosa.
Como um sol que brilha.
Ai e a vontade de falar sem ter nada para dizer.
De rir sem ter nada para rir.
De voar e viver acima das nuvens num qualquer lugar azul claro de poemas muito bonitos, muito leves.
O não estar atento ao que me dizem por estar demasiado ocupada a fingir-me apaixonada (porquê? pela vida inteira!).

É nos tempo de sol que vemos as nossas manchas, que nos apercebemos das nossas dificuldades "Buracos negros, só conheço os que há nos corações dos homens".
Tanto tempo passei a tentar ficar sozinha que me esqueci como é que se está com quem amamos. O dia em que percebemos que já não sabemos o que significa o mais estranho dos verbos ('Amar', julgo que é assim que se diz em português) é simplesmente o mais triste da nossa existência, o que mais vida nos rouba (rouba ou percebemos que a perdemos?).
"Imaginem a pouca qualidade de vida de alguém que está privado de todo e qualquer contacto físico" dizia um professor meu. Como imagino tão bem. Há alturas em que me apercebo que desaprendi a ser carinhosa em algum ponto da minha jornada. E sinto-me o mais miserável dos seres. E tento escondê-lo, mas só piora. E sinto-me mal. E afasto-me mais. E esfrio. E tenho ainda mais medo que os outros me vejam, me sintam, que de alguma forma possam ter a consciência que eu nunca tive do meu ser.
"Quando dizemos que conhecemos alguém pode ser por dois motivos:
Conheço-te porque te salvei. Porque te conheço profundamente.
Ou conehço-te porque te matei. Porque já não espero mais nada de ti «já te conheço»" Não é bem assim, mas o conteúdo está aí. Tenho sempre medo que me matem e nunca me apercebo que me estou a matar a mim mesma ao esconder-me. É um suicídio não esclarecido, deixem-me pelo menos pensar que tenho essa atenuante.
E "Não há Primavera que rompa esta tarde de Outono que eu trago comigo. Sei que não sobreviverei por muito tempo à morte dos meus sonhos..."
E sinto-me despida.
E sinto-me perdida.
E não sei para onde ir, o que fazer.
"Continuo a andar"

Excertos citados: José Rui Teixeira: Milagre, vários (discursos)

1 comentário:

Shaolan disse...

Não foi há muito que eu compreendi o que significava realmente: “Todos navegamos sós, mas às vezes podemos navegar lado a lado” e não faço ideia porquê, isso fez-me sentir muito menos só.
Não compreendo a maioria dos meus sentimentos, e muito menos pretendo compreender os sentimentos daqueles que me rodeiam e que eu mais amo: por mais que os “conheça” nunca poderei ver através da sua solidão, ou estarei enganado? Talvez se eu conhecer realmente uma pessoa serei capaz, não de “ver” através da sua solidão mas de sentir através dela, de sentir o que ela sente apenas porque existe algo de demasiado forte que nos une. Mesmo dentro de inúmeras incertezas há uma coisa de que estou certo; que essas pessoas estarão sempre num determinado sítio em mim: amá-las-ei sempre e estarei sempre a seu lado durante o caminho, aconteça o que acontecer, e sobretudo acreditarei sempre nelas porque no fundo sei que isso significa o mundo para elas. Não querendo isso dizer que a forma como eu as vejo não possa mudar, apenas que se tornou impossível eu não as amar.

Toda a minha vida procurei alguém que fosse capaz de me amar sem ter qualquer razão exterior para o fazer e tu não só foste capaz de me dar aquilo que procurava como me mostraste que aquilo que eu procurava eu já tinha. Tu salvaste-me, tu conheces-me e não há nada que alguma vez possa fazer desaparecer o amor e a confiança que sinto por e em ti: a meus olhos serás sempre belíssima; na verdade, a nossos olhos serás sempre belíssima: de todas as pessoas que guardas no fundo do teu coração.

p.s. espero que o que acabei de escrever faça alguma diferença, mas se estou enganado por favor perdoa-me.
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