sexta-feira, maio 19, 2006

Its Not Up To You


O Aki pousou a chávena de café na superfície de alumínio frio da mesa. O som ressoou leve na confusão do terminal. O conjunto de copos de papel amassados que tinha à sua frente exalava um cheiro a tabaco que contrastava com a atmosfera perfumada daquele café de aeroporto.
“Ninguém respeita as áreas de não fumador”, pensou melancólico, porque encontrar pessoas com um cigarro na mão sempre lhe fizera lembrar o Lauri.
Suspirou e abriu o pacote de açúcar. Deixou a colher de plástico dar voltas e voltas no líquido negro, elaborando círculos concêntricos.
Uma multidão de pessoas passava diante dos seus olhos sonolentos. Executivos graves percorriam o corredor de forma expedita, com as suas malas de rodinhas sofisticadas no encalço. Jovens de aspecto excêntrico deixavam um arco-íris colorido por toda a parte, com as suas roupas de “freak” e as rastas pintadas. Famílias de diversas etnias caminhavam sérias e caladas, preparando-se para voltar a casa no fim das férias ou alegres e sorridentes, partindo para algum destino exótico.
Sempre lhe intrigara a consistência etérea, ar, efervescente, vertiginosa do terminal de partidas dos grandes aeroportos. Nunca se habituara ao vaivém e ao rebuliço destes espaços, por muitas voltas que tivesse dado ao mundo.
Hoje sentia-se particularmente estranho. Tinha-se forçado a partir, a deixar o seu país por uns tempos, para aclarar as ideias.
A sua relação com o Lauri degradara-se nos últimos tempos. Ele achava que gostava de uma rapariga e o Lauri achava que ele não estava a ser sincero.
Daí terem surgido as discussões a toda a hora.
Daí os sonhos em que o seu amor morria.
Daí este sofrimento, esta angústia.
A partir do momento em que deixara de o ouvir para, na sua cabeça, só soarem as suas lágrimas, tomou esta dolorosa decisão.
Sabia que na véspera o Lauri tinha ido dormir a casa, muito zangado. No dia do solstício de Verão. No dia em que tudo começara para os dois.
Sorvendo o líquido negro e amargo, o Aki perguntava-se se, de facto, o seu companheiro o amava.
Já não conseguia imaginar a vida sem ele. Já não havia o conceito de “casa” na sua mente sem que o Lauri fizesse uma corrida com ele do elevador até à porta, que abriam para se deixarem cair de costas e abraçados na entrada.
Muito pouco restava dessa união e cada vez mais duvidava da sua veracidade.
“O voo 3522 da Finnar parte com destino a Frankfurt da porta A19. Pedimos aos senhores passageiros que iniciem o embarque.” Chamou uma voz feminina do altifalante.
O Aki pegou na mochila, pô-la às costas aproximou-se do fundo da fila do embarque com o bilhete e o passaporte nos dentes, enquanto ajustava as alças.
Passou pela manga e por um grupo de hospedeiras sorridentes que o cumprimentaram e sentou-se no lugar que lhe estava destinado.
Reclinou-se na cadeira e fechou os olhos. Por muito que tivesse reflectido esta ainda não lhe parecia a solução certa.
Iniciaram-se os avisos de segurança e a divulgação do plano de emergência, o Aki apertou o cinto e olhou lá para fora. Em breve, a paisagem idílica do seu país natal se estendeu até onde os seus olhos alcançaram, com as árvores a diminuírem de tamanho até não se distinguirem no emaranhado verde.
Agora já não havia retorno para a decisão que tomara... As lágrimas assomaram-lhe aos olhos e chorou, em silêncio, até adormecer.

E cá está ela, a mítica, a desejada! No próximo capítulo vamos ficar a saber quem é a moçoila que anda atrás do Aki (Pikas???), qual a chave do euromilhões e muuuuito mais.

Próxima história chama-se 'Undo' vamos lá ver o que é que eu vou desfazer nesta trama.... será o mal-entendido ou será o amor que os une? Rice opina 'não quero um final feliz' e vós? Que dizeis?

4 comentários:

Anónimo disse...

ola viva filha
Pois é essa historia emocionou m dsd o principio mas s os pusers juntos n da pika! (pikas) xD Os finais tristes revoltam-me mas são inovadores

Anónimo disse...

Bzzz Bzzz (isto é o som dos moscardos)

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...
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