quinta-feira, outubro 18, 2007

Mesmo não sendo Domingo


Sinto que o meu silêncio é maior que eu, de sua eloquência avassalador.
As minhas lágrimas jamais falarão por ele, porque o meu silêncio é mais que o sofrimento.
Os meus suspiros não se fazem ouvir mais, porque o meu silêncio é mais que a angústia.
As minhas palavras não têm mais vigor que, porque o meu silêncio é mais que indignação.
Não sei o que dizer ou o que pensar, apenas não quero acreditar.
Nunca julguei poder estar tão enganada, e no entanto estive-o durante tanto tempo. Nunca pude imaginar que memórias tão felizes se pudessem tornar fel para o meu coração.
Nunca conjurei um único pesadelo tão realista, nunca quis acreditar que por dentro há gente que está podre, mas que por fora não se dá por nada.
Nunca contei ser eu a cair nesse erro - afinal sou eu a desconfiada... E com tanto tempo de convívio aí é que não era mesmo que esperar que houvesse margem para dúvida.
Não me quero afogar na mágoa - deixo isso para os que são melodramáticos, mas de vez em quando esqueço-me de mexer as pernas e momentaneamente deixo a tona onde ainda tenho podido habitar.
Que triste desabafo e que triste sítio para desabafar.
Aos meus amigos, que fizeram tudo o que é possível - concordar comigo - e que acreditem já é muito. Negaram a minha suposta condição psiquiátrica, devo-vos a minha sanidade contestada.





[A ler: António Nobre, Só; e a compreender como ninguém]
[A ouvir: Death Cab For Cutie, Marching Bands of Manhattan]
[A estudar: Neuroanatomia, mesencéfalo]


PS- Não tenho paciência para os que me dizem a toda a hora como deveria escrever... Ou é assim ou não é, lamento, já passei a idade de mudar (ou simplesmente ganhei teimosia).

2 comentários:

Shaolan disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Shaolan disse...

Sinto muito
É pena que seja a inteligência, e não a estupidez, que tenha limites. Mas suponho que não haja nada que possamos fazer em relação a isso :(

P.s. Alguém só deve mudar quando a mudança faz sentido, não para os outros mas para O PRÓPRIO. Agora, tem cuidado, ou se nunca mudares podes acabar a repetir-te, afinal ainda és nova...