quarta-feira, junho 13, 2007

Amsterdam - segundo a música dos Coldplay

Sigo na borda do canal. A noite caiu e os néons dos bares e cofee shops envolventes pintam as águas de laranja, verde e azul, cores que se destacam na ondulação suave como enguias luminosas.
Barcos com gente em festa navegam em velocidade, enchendo o ar com músicas alegres e gritos de êxtase. Quase não se ouve o restolhar as árvores, tão sossegadamente entregues à brisa nocturna. As fachadas dos edifícios erguem-se à minha direita, mal se distinguindo o seu exterior de tijolo escuro, de cenho franzido. Assim que os meus passos avançam, aproximo-me de uma ponte pedonal em ferro, com a altura apenas suficiente para deixar passar pequenas embarcações. Viro à esquerda, em direcção à outra margem, e contorno um amontoado de bicicletas, que descansam da circulação diária.
No meio da ponte olho para baixo.
As águas negras estão revoltosas como se tivessem demónios no seu ventre e exalam um odor fétido de óleo de motor e madeira apodrecida.
Sinto o meu corpo a ser atraído pela superfície aquática. E, numa fracção de segundo caio e mergulho com estrépito no canal.
As minhas roupas ensopadas naquela água gelada puxam-me para baixo, a minha garganta dá um nó e a minha cabeça começa a andar à roda. Estico os braços desesperadamente, tentando chegar à superfície.
Uma mão segura agarra na minha e puxa-me.

3 comentários:

Anónimo disse...

Nós nao te deixamos ir, Inês, nunca

Persefone disse...

Não, nem nadar um cadinho no oleo dos canais?
Voces sao crueis :D
Eu sei que nao preciso de quem me agarre a mao porque voces nao me deixam cair sequer ;)

Shaolan disse...

Quer queiras quer não :P estaremos sempre lá. Nem que seja porque tenho a sensação que sem ti o sol não se levanta, e isto de ser repolho sem sol não dá com nada